quinta-feira, 28 de junho de 2007
"Lisboetas em conversa"
O documentário fala da vida de imigrantes oriundos de vários países, desde o Brasil à Ucrânia passando pelos PALOP, que residem em Lisboa e que, na terra para onde emigraram, partilham as mesmas dificuldades. Muitos não conseguem emprego, a maioria está ilegal pelo que acaba por ter problemas no momento de receber o seu pagamento. Mande Bequinte, guineense de 20 anos que veio para Portugal tratar de um problema cardíaco, síntetizou o tema do filme. Gilson, um dos adolescentes participantes nesta conversa, disse que os imigrantes retratados têm uma vida pior que ele porque ele tem tudo e eles não. Tudo, para Gilson, é ter casa, é os pais terem emprego, é saber falar português e ter acesso a cuidados de saúde. Já os imigrantes cujo testemunho foi fixado pelo filme não conseguem ter acesso nem a metade dessas condições. Por isso, a maioria dos intervenientes nesta conversa animada pelo Ricardo considerou que não existe uma identificação entre a sua realidade e as realidades em que alguns russos e ucranianos vivem actualmente em Lisboa. Já outro interveniente, Junilto sente que, na globalidade, há pouca diferença nas condições de vida dos imigrantes e que em comum com alguns deles sente a dificuldade no domínio da língua. É que ainda não fala bem português e considera que isto é um grande entrave aos imigrantes. Sem saber falar português, a maioria acaba por ser enganada, explorada pelos patrões e, muitas vezes, quando os imigrantes pedem informação ou ajuda acabam por não ser compreendidos e são mal tratados. Como síntese, estes jovens, imigrantes ou descendentes de imigrantes, partilham a ideia de que devem incorporar a nova cultura mas preservar a sua cultura como forma de manter a sua identidade.
Texto: Surraia Correia
Escola EB1 do Prior Velho termina o ano ao ritmo dos santos populares
Texto de Surraia Correia
Tarde de capoeira no espaço polom
Alguns jovens do bairro da Quinta dos Barros, que integram a Associação Sócio Cultural da Capoeira-Preservação da Mandinga, estiveram no espaço Polom para fazer uma demonstração da capoeira com o propósito de motivar os jovens e adolecentes a praticar este desporto. Fundada em Dezembro de 2003, pelo Mestre Ulisses, residente em Portugal há 11anos, esta associação tem como objectivo a preservação da história da capoeira, prática e desenvolvimento deste jogo que também é uma arte.
O mestre Ulisses diz que a palavra mandinga significa “liberdade dos movimentos” e também prática da capoeira. Mandinga significa preservar tudo o que aprendemos para mais tarde influenciar a toda a nossa cultura positivamente, o que é uma forma de trabalho.
A capoeira para o mestre, com 32 anos de percurso neste meio, tem muitos significados. É uma forma de praticar desporto, é folclore brasileiro, forma de estar na vida e luta, o último estágio a que o praticante deve recorrer. A capoeira faz a junção do "bem e do mal" pois muitos praticantes iniciam-se na actividade para aprender a brigar. Nesta modalidade, o difícil é saber defender-se, mas a capoeira quer também ensinar o que está errado. É ainda uma técnica de defesa e ataque já que o atleta aprende a defender-se em vez de atacar directamente ao ritmo do birimbau que, segundo Ulisses, é o verdadeiro mestre pois é quem dita o ritmo.
Atentos às demonstrações, jovens e crianças observaram as técnicas e tácticas sobre a capoeira. Também não quiseram ficar sem experimentar e o animador do pátio Bernardo, com muitas crianças foi um dos que se juntou aos praticantes desta modalidade que cada vez mais ganha novos adeptos.
Texto: Surraia Correia
quinta-feira, 14 de junho de 2007
UNIVA dinamiza procura de emprego na Quinta da Serra
A funcionar desde Abril, a Unidade de Inserção na Vida Activa (Univa) do Bairro da Quinta da Serra é animada por Rita Seixas, cujo trabalho consiste em integrar pessoas no mercado de trabalho. Outra das suas missões é encaminhar pessoas para a obtenção de certificados de aptidão profissional, fazer certificação dos cursos e ainda apostar na área de formação dos utentes. Fazer currículos, escrever cartas de apresentação e de candidatura espontânea, como se comportar numa entrevista de emprego fazem parte da oferta formativa.Rita Seixas afirma que o seu público alvo são todas as pessoas, imigrantes e minorias étnicas residentes no bairro embora geralmente as UNIVA atendam sobretudo utentes entre os 15 e os 30 anos. No caso da Quinta da Serra excepcionalmente têm sido atendidas pessoas com 40 anos e mais. Para divulgar o seu trabalho, a Rita foi ajudada por alguns jovens do bairro que distribuíram nas caixas dos correios um folheto com os horários de funcionamento e os objectivos da UNIVA. Assume, no entanto, que das pessoas que foram aparecendo a maioria veio por comunicação boca a boca através dos vizinhos e ou amigos.Relativamente às solicitações de emprego mais comuns, a animadora diz que são sobretudo as senhoras que procuram ofertas na área da limpeza e hotelaria, nomeadamente para empregadas de copa e empregadas de balcão, mas que aumentou a busca de trabalho área da construção civil. Rita Seixas diz que os jovens também aparecem cada vez mais, pois estão a aperceber-se que, além da escola oficial, existem alternativas para tirar um curso ou obter um certificado profissional. Neste momento está, portanto, muito centrada em dar resposta aos jovens que, dado a sua idade avançada, procuram outras vias de ensino além da tradicional porque as idades já começam a ser avançadas. Fazendo o balanço da sua actividade, diz que é “claramente positivo” e assume que a integração da Univa na comunidade foi muito boa, tendo havido uma óptima adesão da população e sucesso no encaminhamento de alguns jovens para cursos.A responsável revela que ainda há muito trabalho a fazer, nomeadamente na formação em técnicas de procura de emprego e quanto a visitas com os jovens aos diferentes centros de formação. Tendo de momento 54 pessoas inscritas, sendo que dez conseguiram emprego através da UNIVA, esta funciona por marcação, de segunda a quinta-feira das 15às 20h e terça das 10 às 17h.
Uma tarde no Cid@Net
“O espaço cid@net tem funcionado cada vez melhor”. É com esta afirmação que o responsável David Melo faz o balanço ao longo desses meses de trabalho no bairro da Quinta da Serra. Para um funcionamento cada vez melhor, as regras são também para se cumprir e respeitar. Por isso as crianças já sabem os dias e as horas que podem utilizar os computadores. Ao todo são seis e só é permitido uma pessoa por computador.Ana Francisca Lopes é uma frequentadora assídua. Tem 11 anos e anda no 5º ano, diz que aproveita o tempo que tem para jogar e também fazer os trabalhos da escola. “ É que agora tem de ser feito no computador”, diz ela muito concentrada no seu jogo de maquilhar. Ao seu lado, está a Cátia Afonso, de 9 anos, que revela pouco entusiasmo. É que ainda só sabe jogar os jogos mais simples, pois não tem muita prática a mexer nos computadores. Aliás, segundo o David, o espaço é muito procurado para se aceder aos sites dos jogos, coscuvilhar os Hi5 dos amigos e opinar sobre as fotos. Embora também se façam alguns trabalhos de pesquisas para a escola... Para o ajudar na tarefa de colocar ordem na sala, o David conta com o apoio do Inácio, um dos jovens do bairro com a responsabilidade de “tratar os miúdos”, isto é, assegurar que as crianças e os jovens se portam bem. Tem de garantir que mesmo os mais “chatos”, que por vezes acabam por destabilizar um pouco, são controlados.Enquanto isso, o “mestre” David continua a ser solicitado para prestar apoio técnico e informático - como criar emails e endereços de H5...
No À Bolina
A minha vinda para o projecto À Bolina foi inicialmente como voluntária, mas depois transformou-se num estágio profissional. O trabalho do À Bolina consiste na promoção da inclução social no bairro da Quinta da Serra.
Neste momento estou a trabalhar activamente e com muito gosto no blog que é avozdaquinta.blogspot.com, através da elaboração de trabalhos jornalísticos e outros projectos que ainda se vão desenvolver. Espero aprender muito durante esse período e partilhar o pouco do meu conhecimento e histórias do bairro.Por isso contem comigo.
terça-feira, 5 de junho de 2007
ACIDI reúne jovens líderes descendentes de imigrantes
Na sequência do convite do Alto Comissário para Imigração e Minorias Étnicas, Rui Marques, o Convento da Arrábida acolheu durante quatro dias o “Seminário de Jovens Lideres Descendentes de Imigrantes”. Entre os participantes, a maioria é membro ou
dirigente de associações de bairros degradados em que foram implementados projectos no âmbito do Programa Escolhas.
António Batista, especialista em Planeamento Estratégico e co-autor da metodologia Método Aplicado de Planeamento e Avaliação (MAPA), falou da importância do planeamento na vida das pessoas, de como avaliar de modo a simplificar um projecto e potenciar a participação das pessoas. Sublinhou ainda como “um projecto é um espaço de interacção e de partilha daí a importância de torná-lo comunicacional”. No seu entender, torna-se necessário definir objectivos que impliquem incluir um parâmetro de controlo, chamado Data, definir quem participa na acção como beneficiário, o Alvo, e que nível de Mudança queremos atingir. Batista disse que “os projectos têm como destinatárias pessoas e só quando elas são estimuladas e transformadas é que se percebe haver mudança”.
O actual dirigente dos Observatórios da Imigração, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), Roberto Carneiro debateu o tema da Liderança com os participantes. Carneiro definiu o líder como um agente das pequenas mudanças, credível e que não podendo fazer tudo, delega funções nos parceiros. O ex-ministro da Educação disse que o líder deve ter características especiais que o definem como alguém capaz de influenciar comportamentos e ser um comunicador que potencia a transformação.
Helena Marujo, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, discorreu sobre o tema “Felicidade, Optimismo, Resiliência e a Auto-estima”, assumindo que as pessoas felizes são as que têm rede sociais alargadas. A partir da ideia que felicidade está associada ao sentido da vida, Marujo sugere que a pessoa deve ser capaz de pensar o que é e o que faz.
Como lidar com os média foi o mote para uma difícil discussão no último dia do encontro. Mónica Goracci e Maria Abranches, da Organização Internacional para Migrações em Portugal, introduziram o tema. A definição do que é uma notícia e sobre o papel dos jornalistas e a escrita jornalística foi feita por Rui Araújo, provedor do leitor no Público.
texto: Surraia Correia
Fim de tarde com...
António Vitorino, actual Comissário do Fórum Gulbenkian Imigração, Diogo Freitas do Amaral, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo presidente da Assembleia–Geral das Nações Unidas, e Jorge Malheiros, geógrafo conceituado com obra publicada sobre a temática da Imigração animaram, em grande estilo, as conversas de fim de tarde trazendo para cima da mesa a sua experiência em diferentes áreas e os seus diferentes interesses. SC