Após o visionamento de «Lisboetas» de Sérgio Trefaut, os jovens do público conversaram sobre imigração com Ricardo Dias, técnico dos Médicos do Mundo que organizou esta iniciativa em parceria com o À Bolina.
O documentário fala da vida de imigrantes oriundos de vários países, desde o Brasil à Ucrânia passando pelos PALOP, que residem em Lisboa e que, na terra para onde emigraram, partilham as mesmas dificuldades. Muitos não conseguem emprego, a maioria está ilegal pelo que acaba por ter problemas no momento de receber o seu pagamento. Mande Bequinte, guineense de 20 anos que veio para Portugal tratar de um problema cardíaco, síntetizou o tema do filme. Gilson, um dos adolescentes participantes nesta conversa, disse que os imigrantes retratados têm uma vida pior que ele porque ele tem tudo e eles não. Tudo, para Gilson, é ter casa, é os pais terem emprego, é saber falar português e ter acesso a cuidados de saúde. Já os imigrantes cujo testemunho foi fixado pelo filme não conseguem ter acesso nem a metade dessas condições. Por isso, a maioria dos intervenientes nesta conversa animada pelo Ricardo considerou que não existe uma identificação entre a sua realidade e as realidades em que alguns russos e ucranianos vivem actualmente em Lisboa. Já outro interveniente, Junilto sente que, na globalidade, há pouca diferença nas condições de vida dos imigrantes e que em comum com alguns deles sente a dificuldade no domínio da língua. É que ainda não fala bem português e considera que isto é um grande entrave aos imigrantes. Sem saber falar português, a maioria acaba por ser enganada, explorada pelos patrões e, muitas vezes, quando os imigrantes pedem informação ou ajuda acabam por não ser compreendidos e são mal tratados. Como síntese, estes jovens, imigrantes ou descendentes de imigrantes, partilham a ideia de que devem incorporar a nova cultura mas preservar a sua cultura como forma de manter a sua identidade.
Texto: Surraia Correia
quinta-feira, 28 de junho de 2007
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