quinta-feira, 28 de junho de 2007

"Lisboetas em conversa"

Após o visionamento de «Lisboetas» de Sérgio Trefaut, os jovens do público conversaram sobre imigração com Ricardo Dias, técnico dos Médicos do Mundo que organizou esta iniciativa em parceria com o À Bolina.
O documentário fala da vida de imigrantes oriundos de vários países, desde o Brasil à Ucrânia passando pelos PALOP, que residem em Lisboa e que, na terra para onde emigraram, partilham as mesmas dificuldades. Muitos não conseguem emprego, a maioria está ilegal pelo que acaba por ter problemas no momento de receber o seu pagamento. Mande Bequinte, guineense de 20 anos que veio para Portugal tratar de um problema cardíaco, síntetizou o tema do filme. Gilson, um dos adolescentes participantes nesta conversa, disse que os imigrantes retratados têm uma vida pior que ele porque ele tem tudo e eles não. Tudo, para Gilson, é ter casa, é os pais terem emprego, é saber falar português e ter acesso a cuidados de saúde. Já os imigrantes cujo testemunho foi fixado pelo filme não conseguem ter acesso nem a metade dessas condições. Por isso, a maioria dos intervenientes nesta conversa animada pelo Ricardo considerou que não existe uma identificação entre a sua realidade e as realidades em que alguns russos e ucranianos vivem actualmente em Lisboa. Já outro interveniente, Junilto sente que, na globalidade, há pouca diferença nas condições de vida dos imigrantes e que em comum com alguns deles sente a dificuldade no domínio da língua. É que ainda não fala bem português e considera que isto é um grande entrave aos imigrantes. Sem saber falar português, a maioria acaba por ser enganada, explorada pelos patrões e, muitas vezes, quando os imigrantes pedem informação ou ajuda acabam por não ser compreendidos e são mal tratados. Como síntese, estes jovens, imigrantes ou descendentes de imigrantes, partilham a ideia de que devem incorporar a nova cultura mas preservar a sua cultura como forma de manter a sua identidade.

Texto: Surraia Correia

Escola EB1 do Prior Velho termina o ano ao ritmo dos santos populares

Decorreu no dia 22 de Junho, a festa do final do ano lectivo na Escola EB1 do Prior Velho. O tema abordado foram os Santos populares. Professores e alunos organizaram pequenas actuações em que as crianças dançaram, cantaram e recitaram poesia. Durante as actuações, algumas professoras fizeram uma pequena peça de teatro acerca das viagens do S. Pedro pelos continentes e em que se mostrou um pouco acerca da cultura e costumes de alguns países por onde passou. Ao longo da viagem, S. Pedro encontrou pessoas muito diferentes nesses países. Depois das actuações, as crianças fizeram um lanche para o qual trouxeram as coisas de casa. Calculamos que estavam ansiosas e prontas para as férias, esquecendo mesmo, por momentos, os resultados de fim de ano lectivo...

Texto de Surraia Correia

Tarde de capoeira no espaço polom

Alguns jovens do bairro da Quinta dos Barros, que integram a Associação Sócio Cultural da Capoeira-Preservação da Mandinga, estiveram no espaço Polom para fazer uma demonstração da capoeira com o propósito de motivar os jovens e adolecentes a praticar este desporto. Fundada em Dezembro de 2003, pelo Mestre Ulisses, residente em Portugal há 11anos, esta associação tem como objectivo a preservação da história da capoeira, prática e desenvolvimento deste jogo que também é uma arte.
O mestre Ulisses diz que a palavra mandinga significa “liberdade dos movimentos” e também prática da capoeira. Mandinga significa preservar tudo o que aprendemos para mais tarde influenciar a toda a nossa cultura positivamente, o que é uma forma de trabalho.
A capoeira para o mestre, com 32 anos de percurso neste meio, tem muitos significados. É uma forma de praticar desporto, é folclore brasileiro, forma de estar na vida e luta, o último estágio a que o praticante deve recorrer. A capoeira faz a junção do "bem e do mal" pois muitos praticantes iniciam-se na actividade para aprender a brigar. Nesta modalidade, o difícil é saber defender-se, mas a capoeira quer também ensinar o que está errado. É ainda uma técnica de defesa e ataque já que o atleta aprende a defender-se em vez de atacar directamente ao ritmo do birimbau que, segundo Ulisses, é o verdadeiro mestre pois é quem dita o ritmo.
Atentos às demonstrações, jovens e crianças observaram as técnicas e tácticas sobre a capoeira. Também não quiseram ficar sem experimentar e o animador do pátio Bernardo, com muitas crianças foi um dos que se juntou aos praticantes desta modalidade que cada vez mais ganha novos adeptos.

Texto: Surraia Correia

quinta-feira, 14 de junho de 2007

UNIVA dinamiza procura de emprego na Quinta da Serra


A funcionar desde Abril, a Unidade de Inserção na Vida Activa (Univa) do Bairro da Quinta da Serra é animada por Rita Seixas, cujo trabalho consiste em integrar pessoas no mercado de trabalho. Outra das suas missões é encaminhar pessoas para a obtenção de certificados de aptidão profissional, fazer certificação dos cursos e ainda apostar na área de formação dos utentes. Fazer currículos, escrever cartas de apresentação e de candidatura espontânea, como se comportar numa entrevista de emprego fazem parte da oferta formativa.Rita Seixas afirma que o seu público alvo são todas as pessoas, imigrantes e minorias étnicas residentes no bairro embora geralmente as UNIVA atendam sobretudo utentes entre os 15 e os 30 anos. No caso da Quinta da Serra excepcionalmente têm sido atendidas pessoas com 40 anos e mais. Para divulgar o seu trabalho, a Rita foi ajudada por alguns jovens do bairro que distribuíram nas caixas dos correios um folheto com os horários de funcionamento e os objectivos da UNIVA. Assume, no entanto, que das pessoas que foram aparecendo a maioria veio por comunicação boca a boca através dos vizinhos e ou amigos.Relativamente às solicitações de emprego mais comuns, a animadora diz que são sobretudo as senhoras que procuram ofertas na área da limpeza e hotelaria, nomeadamente para empregadas de copa e empregadas de balcão, mas que aumentou a busca de trabalho área da construção civil. Rita Seixas diz que os jovens também aparecem cada vez mais, pois estão a aperceber-se que, além da escola oficial, existem alternativas para tirar um curso ou obter um certificado profissional. Neste momento está, portanto, muito centrada em dar resposta aos jovens que, dado a sua idade avançada, procuram outras vias de ensino além da tradicional porque as idades já começam a ser avançadas. Fazendo o balanço da sua actividade, diz que é “claramente positivo” e assume que a integração da Univa na comunidade foi muito boa, tendo havido uma óptima adesão da população e sucesso no encaminhamento de alguns jovens para cursos.A responsável revela que ainda há muito trabalho a fazer, nomeadamente na formação em técnicas de procura de emprego e quanto a visitas com os jovens aos diferentes centros de formação. Tendo de momento 54 pessoas inscritas, sendo que dez conseguiram emprego através da UNIVA, esta funciona por marcação, de segunda a quinta-feira das 15às 20h e terça das 10 às 17h.

Uma tarde no Cid@Net


“O espaço cid@net tem funcionado cada vez melhor”. É com esta afirmação que o responsável David Melo faz o balanço ao longo desses meses de trabalho no bairro da Quinta da Serra. Para um funcionamento cada vez melhor, as regras são também para se cumprir e respeitar. Por isso as crianças já sabem os dias e as horas que podem utilizar os computadores. Ao todo são seis e só é permitido uma pessoa por computador.Ana Francisca Lopes é uma frequentadora assídua. Tem 11 anos e anda no 5º ano, diz que aproveita o tempo que tem para jogar e também fazer os trabalhos da escola. “ É que agora tem de ser feito no computador”, diz ela muito concentrada no seu jogo de maquilhar. Ao seu lado, está a Cátia Afonso, de 9 anos, que revela pouco entusiasmo. É que ainda só sabe jogar os jogos mais simples, pois não tem muita prática a mexer nos computadores. Aliás, segundo o David, o espaço é muito procurado para se aceder aos sites dos jogos, coscuvilhar os Hi5 dos amigos e opinar sobre as fotos. Embora também se façam alguns trabalhos de pesquisas para a escola... Para o ajudar na tarefa de colocar ordem na sala, o David conta com o apoio do Inácio, um dos jovens do bairro com a responsabilidade de “tratar os miúdos”, isto é, assegurar que as crianças e os jovens se portam bem. Tem de garantir que mesmo os mais “chatos”, que por vezes acabam por destabilizar um pouco, são controlados.Enquanto isso, o “mestre” David continua a ser solicitado para prestar apoio técnico e informático - como criar emails e endereços de H5...

No À Bolina


A minha vinda para o projecto À Bolina foi inicialmente como voluntária, mas depois transformou-se num estágio profissional. O trabalho do À Bolina consiste na promoção da inclução social no bairro da Quinta da Serra.
Neste momento estou a trabalhar activamente e com muito gosto no blog que é avozdaquinta.blogspot.com, através da elaboração de trabalhos jornalísticos e outros projectos que ainda se vão desenvolver. Espero aprender muito durante esse período e partilhar o pouco do meu conhecimento e histórias do bairro.Por isso contem comigo.

terça-feira, 5 de junho de 2007

ACIDI reúne jovens líderes descendentes de imigrantes


Na sequência do convite do Alto Comissário para Imigração e Minorias Étnicas, Rui Marques, o Convento da Arrábida acolheu durante quatro dias o “Seminário de Jovens Lideres Descendentes de Imigrantes”. Entre os participantes, a maioria é membro ou
dirigente de associações de bairros degradados em que foram implementados projectos no âmbito do Programa Escolhas.
António Batista, especialista em Planeamento Estratégico e co-autor da metodologia Método Aplicado de Planeamento e Avaliação (MAPA), falou da importância do planeamento na vida das pessoas, de como avaliar de modo a simplificar um projecto e potenciar a participação das pessoas. Sublinhou ainda como “um projecto é um espaço de interacção e de partilha daí a importância de torná-lo comunicacional”. No seu entender, torna-se necessário definir objectivos que impliquem incluir um parâmetro de controlo, chamado Data, definir quem participa na acção como beneficiário, o Alvo, e que nível de Mudança queremos atingir. Batista disse que “os projectos têm como destinatárias pessoas e só quando elas são estimuladas e transformadas é que se percebe haver mudança”.
O actual dirigente dos Observatórios da Imigração, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), Roberto Carneiro debateu o tema da Liderança com os participantes. Carneiro definiu o líder como um agente das pequenas mudanças, credível e que não podendo fazer tudo, delega funções nos parceiros. O ex-ministro da Educação disse que o líder deve ter características especiais que o definem como alguém capaz de influenciar comportamentos e ser um comunicador que potencia a transformação.
Helena Marujo, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, discorreu sobre o tema “Felicidade, Optimismo, Resiliência e a Auto-estima”, assumindo que as pessoas felizes são as que têm rede sociais alargadas. A partir da ideia que felicidade está associada ao sentido da vida, Marujo sugere que a pessoa deve ser capaz de pensar o que é e o que faz.
Como lidar com os média foi o mote para uma difícil discussão no último dia do encontro. Mónica Goracci e Maria Abranches, da Organização Internacional para Migrações em Portugal, introduziram o tema. A definição do que é uma notícia e sobre o papel dos jornalistas e a escrita jornalística foi feita por Rui Araújo, provedor do leitor no Público.

texto: Surraia Correia

Fim de tarde com...
António Vitorino, actual Comissário do Fórum Gulbenkian Imigração, Diogo Freitas do Amaral, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo presidente da Assembleia–Geral das Nações Unidas, e Jorge Malheiros, geógrafo conceituado com obra publicada sobre a temática da Imigração animaram, em grande estilo, as conversas de fim de tarde trazendo para cima da mesa a sua experiência em diferentes áreas e os seus diferentes interesses. SC