quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Estrelinhas da Quinta



Desde 5 de Novembro que a Quinta da Serra já tem uma creche. Chama-se Estrelinhas da Quinta, acolhe crianças dos três meses aos cinco ano e foi criada a partir de um projecto concebido por Matusende Mendes, uma jovem de 27 anos, natural da Guiné-Bissau e residente no bairro, que se licenciou em Serviço Social na Escola Superior de Educação de Leiria.
A ideia de abrir um espaço para crianças do bairro de modo a facilitar a vida dos que trabalham surgiu à Mati a partir do projecto final de licenciatura. Quando decidiu o que queria fazer, procurou a Floresbela Pinto, presidente da associação dos moradores do bairro, e as Irmãzinhas de Jesus. Todos acharam que era uma ideia fantástica.
Começou por fazer um levantamento das necessidades, através de inquéritos a 50 famílias, que revelaram sentir falta de uma creche a funcionar dentro do bairro. As famílias disseram ainda que as crianças costumam ficar em casa com pessoas mais velhas, irmãos ou simplesmente na rua, sozinhas, sob o olhar dos vizinhos.
Para que a creche abrisse foi preciso criar condições na sede da Associação Sócio-cultural da Quinta da Serra, a qual passou por uma remodelação conseguida devido aos apoios de muitas pessoas e voluntários que nos seus tempos livres colaboraram na iniciativa desta jovem muito determinada.
“Todas as despesas das obras e remodulação do espaço foi suportada pela associação e com a ajuda de amigos”, explica Mati.Sendo a associação a entidade promotora, foi a falta de apoios financeiros o impedimento a que creche abrisse as portas a mais tempo. “ Temos sentido muita falta de apoios, a remodulação do espaço foi feito com ofertas de dinheiros por pessoas amigas e exteriores ao bairro”, reitera.
O horário de funcionamento da creche “Estrelinhas da Quinta” tem um período alargado a pensar nas mães que trabalham até mais tarde. Sendo a entrada entre as 8h e as 9h30, a saída é as 16h, com possibilidade de prolongamento até às 20h. As mensalidades diferem, naturalmente, em função disso tendo o horário normal uma mensalidade de 85€ e o horário alargado, 125€ já com os seguros incluídos.
De momento são os pais que garantem as refeições e a associação apenas oferece o lanche. Futuramente a creche pensa fazer uma parceria com o Banco Alimentar Contra a Fome para que haja apoio na confecção dos alimentos. “Uma das barreiras que de momento impede os pais de inscrever as crianças é o facto de terem que trazer o almoço de casa”.
Em relação as actividades dsenvolvidas incluem-se actividades livres e lúdico-pedagógicas. No futuro pensa-se desenvolver aulas de danças com as crianças.
As duas auxiliares que também abraçaram este projecto da Matusende têm formação na área de acção educativa e fizeram um estágio de duas semanas no Colégio da Nossa Senhora da Purificação na Portela. Devido às dificuldades que a associação enfrenta, os seus ordenados serão pagos com o dinheiro das mensalidades. Esta é, de momento a grande preocupação da Mati: “Estou realmente preocupada com esse assunto porque estavam inscritas dez crianças e neste momento só temos três crianças a frequentar. No final do mês teremos de fazer uma ginástica para pagar os salários”.
Sendo ela própria uma voluntária e não recebendo nada pelo trabalho que tem estado a desenvolver espera que o projecto possa candidatar-se aos apoios da Segurança Social mas primeiro é preciso terminar os trabalhos de remodulação do espaço, assim como as casas de banhos adaptadas para as crianças. “Precisamos de criar condições para poder pedir apoios à Segurança Social e como a associação só por si não tem dinheiro isso torna as coisas ainda mais complicadas”.




Surraia Correia

Famílias recebem cabazes oferecidos pelas escolas



No dia 19 de Dezembro, o À Bolina fez a entrega dos cabazes de Natal à seis famílias residentes do bairro da Quinta da Serra. Dos quatro cabazes oferecidos pela escola secundária Bartolomeu Dias, dois foram especialmente para as famílias escolhidas pela escola e o restante foi para as famílias que o conciderou mais necessitadas.
Para representar a escola tivemos a presença da professora Silvia Baptista que entregou os cabazes aos familiares dos alunos.
O cabaz de Natal oferecido ao projecto pela escola Delfim dos Santos, onde o nosso amigo Junilto Netchemo estuda, também foi destribuida para mais duas famílias.
Foi bom ver que o À Bolina conseguiu fazer uma diferança no Natal destas famílias cujos alunos são os que contribuem para que o trabalho do projecto tenha mérito.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

N`tchanha

Esta é uma história da Guiné - Bissau e quero partilhar com os meus leitores.

Era uma vez um homem que tinha duas mulheres e quando uma morreu a filha desta ficou com a madrasta e os seus irmãos. A madrasta não gostava dela e por isso obrigava-a a fazer todo o trabalho lá em casa enquanto as suas irmãs brincavam.
Certo dia em que a rapariga foi à fonte buscar água partiu a bilha. Quando voltou para a casa, contou à madrasta o que tinha sucedido e esta, furiosa, ralhou com ela dizendo-lhe que arranjasse uma outra bilha nem que para tal morresse tal como a sua mãe. Então a menina saiu à procura de uma mulher que costumava fazer bilhas para vender.
Pelo caminho, ia a cantar: N´tchanha, n´tchanha.
Cilorabinta.
N´tchanha, n´tchanha.
Cilorabinta.
Ntchanha massacunda
Cilorabinta.
Ntchanha massacunda
Cilorabinta.
Tété té cilorabinta.
Tété té cilorabinta.
Enquanto ia a cantar encontrou um leão e perguntou-lhe se sabia onde era a casa da tal senhora. O leão disse-lhe para seguir o caminho em frente. Até que encontrou um macaco que lhe disse o mesmo e depois uma gazela que também disse para seguir aquele caminho.
A rapariga continuou a caminhar até encontrar uma senhora que tomava banho numa lagoa. A mulher pediu que lhe esfregasse as costas e quando o fez cortou-se toda nas mãos porque as costas da mulher eram de ostras. A senhora disse-lhe para bater as mãos na água. Assim fez e as feridas sararam.
A seguir a senhora disse à menina para ir para casa com ela, esmagar arroz, cozinhar e comer. Assim fez e a mulher, que era uma feiticeira serpente, disse-lhe que a iria transformar numa agulha e colocá-la em cima do telhado porque os filhos estavam a regressar da lagoa e poderiam comê-la.
Quando chegaram, os meninos comeram o arroz e quando começaram a sentir cheiro de pessoa humana disseram à mãe. Esta disfarçou dizendo que não havia ninguém em casa e mandou-os de novo para a lagoa.
A mulher voltou a transformar a menina em ser humano e deu-lhe três ovos. Disse-lhe que no caminho para casa deveria parti-los sempre no final de cada canção. Deveria cantar seis vezes cada uma e só no último ovo é que poderia olhar para trás.
Obediente, a rapariga fez tudo o que a feiticeira lhe disse e quando olhou para trás viu uma casa enorme, bonita e com muitas coisas. A rapariga pegou numa bilha, foi para casa e deu-a à madrasta.
Com raiva por ela ter conseguido voltar, trazendo uma bilha, a madrasta ficou cheia de ciúmes e resolveu mandar a sua filha fazer o mesmo caminho para ver se conseguia uma casa como a da sua meia-irmã.
Quando ela começou a fazer o mesmo percurso, encontrou uma serpente a tomar banho. Esta pediu-lhe que lhe esfregasse as costas mas a rapariga respondeu:
-O quê? Em casa não costumo esfregar as costas da minha mãe. Então porque é que haveria de esfregar as suas?
Pediu-lhe então para irem para casa, cozinhar arroz. A menina respondeu:
-O quê? Em casa não cozinho e nem faço nada.
Mais tarde, a feiticeira disse que ia transformá-la em agulha mas ela também não quis.
Como não conseguiu transformar a rapariga em agulha, a feiticeira escondeu-a atrás da porta para que os seus filhos não a comessem. Quando estes regressaram, comentaram com a mãe que sentiam cheiro de carne humana mas ela conseguiu enganá-los e voltaram para a lagoa.
Então a feiticeira deu três ovos para a rapariga e explicou-lhe o que fazer com elas enquanto voltava para casa. Teimosa como era, a moça não seguiu as recomendações e assim que foi lavar os pés na lagoa, foi imediatamente picada pelas serpentes e morreu.

Apresentação de Boas Práticas no Acolhimento e Integração de Imigrantes

No próximo dia 18 de Dezembro, no âmbito das Comemorações do dia Internacional dos Migrantes,irá realizar-se um seminário de apresentação dos principais resultados do Mapeamento de Boas Práticas no Acolhimento e Integração de Imigrantes em Poprtugal. O encontro será na fundação Calouste Gulbenkian.
Com o objectivo de disponibilizar exemplos concretos de práticas, programas e medidas com vista à integração de imigrantes, a Organização Internacional das Migrações, o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural e a Fundação Luso – Americana para o Desenvolvimento, promoveram ao longo deste ano a iniciativa do Mapeamento de Boas Práticas no Acolhimento e Integração dos Imigantes em Portugal.
Muitas instituições e entidades desenvolvem trabalhos que directa e indirectamente contribuem para uma melhor integração dos imigrantes na sociedade portuguesa.
Este manual visa facultar e trocar informação, promover iniciativas políticas de integração e apoiar os Estados membros da União Europeia com exemplos concretos de práticas de integração com vista a uma integração de maior sucesso na Europa.
Constacta-se ainda, que esta iniciativa prova aquilo que se tem vindo a desenvolver a nível Europeu, ao pretender fazer o reconhecimento dos trabalhos desenvolvidos por profissionais de diversos sectores de actividades na área do acolhimento e integração dos imigrantes em Portugal.

Texto: Surraia Correia

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Imigrantes e Comunicação Social : uma relação de desconfiança


Decorreu entre os dias 21 a 24 de Novembro, uma formação organizada pelo Gabinete de Apoio às Associações de Imigrantes ( GATAI ) sobre como os imigrantes devem lidar com os orgãos de comunicação social. A formação “Imigração e Diálogo com a Imprensa” teve lugar nas instalações do ACIDI no horário pós-laboral.
Destinada às associações de imigrantes e a outros técnicos, está formação pretendeu sobretudo dar a conhecer aos participantes as principais características dos meios de Comunicação Social em Portugal e formas de actuação. Serviu também para que os participantes saibam falar e lidar com os média quando abordados, sem que saiam prejudicados ou mal intendidos.Isto porque muitas vezes, quando um imigrante é entrevistado ou sempre que é notícia é quase sempre tratado pela forma que mais convém ao jornalista e ao orgão que ele representa.
Em Portugal particularmente, os imigrantes são tratados muitas vezes sem direito a resposta e como pobres e coitadinhos. Alguns jornalistas tratam a informação da forma que lhe permita ganhar mais audiência e dinheiro.
Também existem momentos em que um imigrante se torna notícia, capa e manchete dos jornais e revistas: È quando são descendentes de imigrantes ou naturalizados, que de algum modo foram importantes para o país. São situações em que tiveram sucesso e levaram o nome de Portugal para fora. Mas estes momentos acontecem excepcionalmente no mundo desportivo e aí nem são referidos como cidadão imigrante, mas sim um português ou um herói nacional.
Esta relação pouco clara e nem sempre objectiva resulta do trabalho do jornalista feito na sua redacção, sem estar no terreno para contactar com as pessoas. Por sua vez os imigrantes optam por uma atitude defensiva e isto acaba por gerar situações pouco agradáveis para ambos.
Deste modo,acabam por passar uma imagem negativa face a situação dos imigrantes. Resta a sociedade aceitar aquilo que a comunicação social lhe apresenta como sendo as informações verdadeiras, visto que é líder na formação de opiniões sobre temas e situações.
Isso leva a que se faça uma generalização dos casos sem que se tome cada notícia em particular ou o entrevistado como um indivíduo.

Contudo o país continua inclusivé, a ter uma mão - de - obra activa fortemente dominada por imigrantes que trabalham muito, com horários desgastantes, contribuindo para a economia e desenvolvimento do país. E o que acontece muitas vezes é que esses imigrantes acabam por ser julgados na praça pública sem direito de resposta e aí já não se lembram daqueles que fizeram e fazem coisa positivas para a evolução do país.
Relativamente ao conteúdo das matérias dadas ao longo desses dias, é de referir a importância do Princípio Fundamental da Teoria Geral da comunicação que foi abordada como sendo o início para qualquer comunicação.
Aquilo que ficou claro para os participantes, foi que para comunicar temos que ter factos e ou acontecimentos e só então poderão conseguir trazer os media até eles. No caso dos imigrantes em Portugal aquilo que acontece é que muitos dos factos costumam estar associados à coisas maus, que apenas contribuem para denegridir a imagem desses imigrantes, que depois nem conseguem ter oportunidade para dar uma resposta face à notícia.
È a partir dos factos que o jornalista vai produzir a notícia, esta depois se torna numa imagem que por sua vez produz no público uma opinião multiplicada.
Sabendo que a opinião do público tende a multiplicar-se rapidamente deviso ao modo como o jornalista avalia os factos, foi sugerida aos participantes que quando abordados por orgãos sociais tenham muito cuidado e informar pela positiva, de forma que lhes seja favorável e ainda ter atenção à linguagem usada. Para isto tudo requer-se muita técnica e cuidado para que não sejam mal intendidos.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Na caminhada para a construção das pontes


No passado dia 25 a 28 de Outubro, realizou-se o segundo encontro dos Jovens Líderes Descendentes de Imigrantes, na Azaruja, Évora.
O grupo informal para a inclusão dos descendentes de imigrantes reuniu-se mais uma vez para falar sobre questões relaccionadas com a integração dos jovens e como ultrapassar os conflitos que vão surgindo.
Desta vez, a questão do lóbi, abordada segundo os especialistas na matéria, Ana Felgueiras e Luís Castanheira Pinto, da Inducar, foi uma das ferramentas para os futuros trabalhos que os jovens possam vir a desenvolver no seio da sociedade e quando opurtuno nas suas associações e comunidades.
Sendo a questão acima referida, um processo deliberado para influenciar as acções dos decisores, com vista a conseguir uma mudança social e torná-la visível, serviu para todos nós, participantes do seminário, clarificar as ideias e mudar de opinião em relação a este assunto. Permitiu-nos ainda, ter um melhor esclarecimento acerca da definição e importância do uso do lóbi.
Ao longo do dia ficamos a perceber melhor através das explicações e dicas, as técnicas e momentos adquados para que se faça lóbi e ter por fim último uma transformação social.

Descendentes de imigrantes que hoje são exemplos.
Antes da hora do almoço tivemos a visita do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, que ainda nos brindou com dois convidados surpresa também descendentes de imigrantes e que hoje são conhecidos nacional e internacionalmente: Nelson Évora, campeão mundial de triplo salto e José Reis medalha de bronze nos mundiais de Kickbox.
Os dois jovens desportistas, que agora servem de exemplos para muitos jovens descendentes e não só, dizem que apesar dos títulos que ganharam levam a vida normalmente e pretendem dar incentivos à aqueles que lutam para uma integração melhor.

Na caminhada para a construção das pontes

Não há futuro sem perdão
O segundo dia do encontro foi de partilha de histórias e de incentivos para que continuemos a desempenhar o papel de facilitadores para uma integração a todos os níveis. John e Engela Volmink, vieram da África de Sul falar das suas experiências num país que praticamente até hoje os seus cidadãos lutam por uma melhor integração. Falaram ainda sobre o que faz um líder baseando-se na vida de Nelson Mandela. Referiram ainda quais as características que um lider deve ter para poder guiar os seus seguidores.
As palavras como a responsabilidade e o perdão foram repetidas pelo casal inúmeras vezes e confesso que me fizeram repensar sobre muitos aspectos da minha vida.
O último dia foi de grande aquisição de conhecimentos através da professora e investigadora do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, Mónica Dias. Trouxe para a mesa o tema da construção da paz, da sua teoria à prática: A paz só é possível se houver uma construção mental e consciencialização do outro como projecção de mim.
O encontro foi encerrado pelo Alto- Comissário Dr. Rui Marques que nos deixou muitas mensagens: Construir pontes, isto é, sermos pontífices para unir nações e comunidades mas sem esquecer as setes regras que são a base para esta batalha, e nunca pensar sequer em desistir, desanimar e ou perder as esperanças.
Mas acima de tudo este seminário serviu mais uma vez para partilharmos histórias e experiências que vamos ganhando ao longo dos trabalhos que temos desempenhados nas nossas comunidades e associações e sobretudo reflectirmos sobre o que poderiamos fazer para uma melhor adaptação e aceitação dos descendentes e imigrantes que escolheram este país para emigrar e residir.

Texto:Surraia Correia
Fotos: Surraia Correia

Panos tradicionais expostos no Museu da Etnologia


Está exposta até o final de Dezembro no Museu Nacional da Etnologia a exposição através dos Panos. Trata-se de uma colecção da Panaria guineense e caboverdiana recolhida por António Carreira e Rogado Quintino nas decádas de 60 e 70.
Esta exposição revela os diversos padrões que os panos podem assumir para dar um pouco de estética. Geralmente costumam ser figuras geométricas como os triângulos, losangos e quadrados entre outras designações derivando do seu contexto de origem. Assim sendo,para os caboverdianos existe o pano di terra que é de origem, pano di obra que revela um padrão complexo e minucioso e ainda o pano bicho relativos aos animais. As coisas também se diferem um pouco no caso dos guineenses. Existe o pano dエobra, bicho e pente. Esse último é feito em tear tradicional.
Para que a cultura dos panos não caia no esquecimento, têm surgido sucessivas medidas por parte dos governos na tentativa de recuperar a tecelagem tradicional. Pretendem ainda dar um novo olhar sobre os panos e daí a criaçao de um atelier ao lado da exposição onde se possa trabalhar um pouco as junções das cores e das figuras.
Ao longo das peças expostas é possível constactar que os panos eram tingidos com pigmentos vegetais como o índigo e o anil que podem dar origem ao azul.
Com o passar dos tempos a tradição começa a perder-se. Actualmente podemos encontrar panos de algodão de produção industrial ou fio sintético importados de outros países e são mais acessíveis em termos de custos e fáceis de trabalhar.
Muitos desses panos de confecção industrial são adquiridas na Guiné Conakry, Senegal, Gâmbia, Indónesia,Holanda e Portugal o que demonstra que a tradição já não é o que era. Ou seja, os panos já não são feitos em teares tradicionais.
Juntamente com a exposição está o trabalho da artista plástica Manuela Jardim que utiliza materiais reciclados fazendo uma grande mistura de cores e figuras.

Texto: Surraia Correia
Foto: Gentilmente cedida pelo Museu Nacional da Etnologia

Reunião EuroMed reforça relações na área da imigração

No âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, durante os dias 18 e 19 de Novembro, decorreu em Albufeira, no Algarve, a primeira reunião Ministerial EuroMed sobre Migrações. As conclusões desta reunião, presidida pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, reflectem a vontade e o empenho de trabalhar em conjunto para a construção de uma parceria para o bem de todos. Foi ainda abordada a temática das migrações no contexto euromediterrânico nas vertentes da migração e do desenvolvimento e imigração legal e ilegal.
Sobre estas três áreas, os ministros dos países da União Europeia e dos estados mediterrânicos -Argélia, Egipto, Autoridade Palestiniana, Israel, Líbano, Jordânia, Marrocos e Tunísia - acordaram tomar medidas e acções concretas. Em relação à imigração legal foram aprovados projectos de criação de um grupo de trabalho sobre matérias de migração no mercado de trabalho, de modo a avaliar as oportunidades laborais para os imigrantes em proveito dos países de destino e de origem e a promoção de cursos de formação profissional e linguística para os imigrantes. Para a sua implementação, a União Europeía disponibilizou cinco milhões de euros.
No campo da migração e desenvolvimento está prevista a criação de um sítio euromediterrânico que disponibilizará toda a informação para facilitar as remessas dos imigrantes, planeou-se ainda estudar a possibilidade de apoiar financeiramente os imigrantes legais na Europa, com vista ao co-financiamento dos seus projectos de investimento nos países de origem.
Relativamente à imigração ilegal, ficou definido que é importante promover a cooperação e o reforço das capacidades através de trocas de experiências, boas práticas e formação regular e também a promoção de projectos que visem a melhoria dos padrões de segurança dos documentos de identidade e de viagem.

Texto: Surraia Correia

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Direito a ser informado

Foi apresentado, no dia 25 de Setembro, o primeiro relatório de acesso à saúde pelos imigrantes elaborado pelos Médicos do Mundo a partir de estudos feitos em sete países europeus. Os resultados, apurados na Bélgica, Espanha, França, Grécia, Itália, Portugal e Reino Unido, sobre os imigrantes em situação irregular são únicos, uma vez que não existem estudos sobre este tipo de informação ao nível nacional e nem internacional.
Nesta primeira amostra focou-se os imigrantes e, em particular, os que se encontram em situação irregular. Foram ainda analisadas situações como a recusa de tratamentos, atraso no acesso aos cuidados de saúde e o facto de alguns imigrantes sentirem medo de serem detidos.
Com este relatório os Médicos do Mundo pretendem reclamar igual acesso aos cuidados de saúde para todos os que vivem na Europa e uma regulação do acesso à saúde para estrangeiros gravemente doentes que não têm acesso efectivo a tratamentos nos seus países de origem.
Estes imigrantes são pobres, excluídos e por vezes até discriminados. Mais de 40% têm alojamento precário sendo que 11% vivem na rua.
A partir da análise deste relatório verifica-se que das 835 pessoas de 85 nacionalidades inquiridas, duas em cada dez pessoas consideram o seu estado de saúde como mau ou muito mau. Das doenças identificadas nos imigrantes em situação irregular, muitas são de origem ostearticular, digestiva, psíquica e ginecológico no caso de algumas mulheres.
Do estudo resulta ainda a constação que, em certos países da Europa, a questão da saúde é tratada de maneira pouca clara e confusa. Fala-se de direitos e deveres mas na prática pouco acontece e os imigrantes residentes nestes países são quem mais se ressente dessa situação.
De um modo geral, na maioria dos países europeus, as pessoas não estão informadas dos seus direitos. Por exemplo, um número elevado de pessoas desconhece que pode beneficiar gratuitamente do teste de despistagem da sida e apenas uma minoria sabe que os seus filhos podem beneficiar da vacinação de uma forma gratuita. Neste âmbito é a França que apresenta o melhor nível de informação devido às campanhas realizadas sobre o assunto junto dos imigrantes. Em Portugal, o direito à saúde está garantido pela constituição, sendo que os cuidados são acessíveis a todos nos centros de saúde e nos hospitais públicos mas 65% dos indivíduos que participaram no estudo dos Médicos do Mundo desconhecem que o teste de despitagem da sida é gratuito.
Para muitos desses indocumentados, o direito de acesso aos cuidados da saúde não significa que as pessoas o conheçam e usufruam deste direito na realidade. Apenas 24% de todas as pessoas que foram questionadas beneficiam realmente de cobertura de saúde.
Este inquérito permitiu constatar que, é em Espanha que as pessoas são melhor informadas do seu direito de beneficiar de uma cobertura de saúde, enquanto na Bélgica e em França esses direitos são desconhecidos.
Texto: Surraia Correia

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Médicos do Mundo apresentam Relatório sobre Acesso à Saúde


Decorrerá no dia 25 de Setembro, pelas 10h, na Faculdade de Ciências Sociais, o lançamento do Primeiro Relatório de Acesso à Saúde elaborado pelos Médicos do Mundo. Este lançamento conta com a presença do presidente dos Médicos do Mundo – Portugal, Rui Portugal e o Alto Comissário para a Imigração e Dialogo Intercultural, Rui Marques. Na sequência deste lançamento, nos dias 27 e 28 deste mês, terá lugar em Lisboa a conferência “ Saúde e Migração na UE “ com os ministros da saúde, membros da União Europeia.
Aos ministros serão apresentadas 25 boas práticas no âmbito da migração e cuidados de saúde. Nelas consta o inquérito realizado pelos Médicos do Mundo sobre o acesso aos cuidados de saúde dos imigrantes em situação irregular. Nesta primeira amostra deste inquérito focou-se os imigrantes e em particular os que se encontram em situação irregular. Foram ainda analisadas situações como a recusa de tratamentos, atraso no acesso aos cuidados de saúde e o facto de alguns imigrantes recearem ser detidos.
Os resultados apresentados sobre os imigrantes em situação irregular são inéditos, uma vez que, previamente, não existiam estudos deste teor, nacional e internacionalmente. Estes estudos realizaram-se em sete países europeus: Bélgica, Espanha, França, Grécia, Itália, Portugal e o Reino Unido. Os Médicos do Mundo pretendem reclamar acesso igual aos cuidados de saúde para todos os que vivem na Europa além de uma regulação ao acesso à saúde para estrangeiros gravemente doentes que não têm acesso efectivo a tratamentos nos seus países de origem.
Texto: Surraia Correia

COCAI reúne pela primeira vez na Assembleia da República

A sala do Senado da Assembleia da República acolheu no dia 24 de Setembro, pela primeira vez, uma Reunião Extraordinária do Conselho Consultivo para os Assuntos de Imigração (COCAI). O convite para que este encontro tomasse lugar num espaço de tão grande representação do sistema democrático português, veio do Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, que fez questão de estar presente na abertura da reunião.
Após enaltecer este marco histórico no parlamento português, o Alto-comissário para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rui Marques deu por aberto o início do debate da primeira sessão. O tema foi a Participação Política dos Imigrantes – Desafios à sociedade de acolhimento e aos imigrantes. O ex - Comissário europeu, António Vitorino, falou da participação política na União Europeia referindo que não obstante algumas falhas, os casos europeus devem ser exemplares para o país.
O coordenador da Plataforma das Estruturas Representativas das Comunidades Imigrantes (PERCIP), Paulo Mendes comentou positivamente com o À Bolina as intervenções da manhã e considerou interessantes as perspectivas de cada orador em relação a participação política dos imigrantes.

Direito a participar

O representante do Partido Popular, Nuno Magalhães lembrou que o importante é de facto a participação cívica e não política. Referiu ainda, que o direito ao voto deve ser exercido mas com regras claras. “A participação política não é somente o exercício do voto, constitui ainda um pluralismo político”, afirmou. O Bloco de Esquerda, representado pela deputada Ana Drago, frisou que os imigrantes já se integraram e que agora falta que participem na vida política, votando por exemplo nas legislativas. Celeste Correia, em representação do Partido Socialista, defendeu um direito igualitário nas eleições autárquicas, sublinhou que o seu partido fez muito para resolver os problemas dos imigrantes e que não lhes foi permitido fazer mais devido aos vetos dos outros partidos.

COCAI, instrumento de participação política

“Esta reunião já demonstra em si a participação dos imigrantes na sociedade portuguesa.” Foi com esta afirmação que o Ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira, iniciou a sua intervenção no encerramento deste encontro. Pedro Silva referiu ainda que debates deste tipo permitem avançar para novos desafios há medida que se vão resolvendo problemas anteriores. Destacou, neste âmbito, a aprovação da lei da nacionalidade que, ao facilitar a aquisição da nacionalidade portuguesa, tem tido grande adesão por parte dos imigrantes. Considerou ainda que o COCAI é um instrumento de participação dos imigrantes pois “representa em si o centro de processo de participação política”. É pela via do COCAI que o governo intervém, mesmo que indirectamente nas associações locais dos imigrantes, pelo Programas Escolhas e pela Rede UNIVA que tem actuado como uma forma de integração dos imigrantes.
Texto de Surraia Correia

Lançamento do livro Descendentes de Imigrantes

Foto: Programa Escolhas

Decorreu na Biblioteca da Assembleia da República, no dia 24 de Setembro, o lançamento do livro “Descendentes de Imigrantes – Um Lugar na Sociedade Portuguesa. Na sua apresentação nestiveram presentes o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, o Ministro da Presidência do Concelho de Ministros; Pedro Silva Pereira e o Alto Comissário para a Imigração e o Diálogo Intercultural, Rui Marques.
São doze jovens descendentes de Imigrantes que quiseram partilhar a sua história e pretendem ilustrar um pouco o que tem sido a sua vida numa sociedade em que ainda se fala em integração dos imigrantes.
Um desses jovens autores é Nuno Santos, mais conhecido por Chullage pela sua actividade como rapper, filho de pais cabo-verdianos, considera importante participar.” É sempre importante dar voz a um instrumento deste tipo, que pode chegar a diferentes esferas da sociedade para que conheçam assim diferentes perspectivas acerca dos imigrantes”. Chullage é apenas um dos muitos jovens descendentes de imigrantes que ao longo das suas vidas foram vencendo obstáculos colocados pela sociedade portuguesa. “Apesar das barreiras que surgem, é preciso construir um caminho e é bom que isto seja visto lá fora”.
Para este jovem, o percurso de cada pessoa é simbólico sendo que todos os passos que se dão fazem sentido. “Cada um tem que pôr o seu tijolo, a sua marca pessoal”, assume o músico que, tanto como os outros autores, agradece a oportunidade de poder colaborar nesta iniciativa. É com orgulho e satisfação que todos falam um pouco de si, dando a cara para este livro que esperam que sirva de modelo para acabar com algumas ideias erradas que a sociedade criou em relação aos imigrantes e seus descendentes.

Texto de Surraia Correia

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O GRANDE LÍDER AFRICANO


Foto retirado no site vidaslusofonas


“Vivo intensamente a vida e dela extraí experiências que me deram direcção, uma via que devo seguir, sejam quais forem as perdas pessoais que isso me ocasione. Eis a razão de ser da minha vida.” Amílcar Cabral



Amílcar Cabral faria hoje 83 anos. Nasceu a 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, na Guiné-Bissau. Com um percurso político marcante e determinante para a Guiné-Bissau e Cabo verde, Cabral juntamente com alguns companheiros de luta pela mesma causa funda o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e inicia uma luta armada contra o Estado Português revelando o seu descontentamento contra o sistema colonial.
Amílcar Cabral é assassinado em Conacri. A sua morte desencadeia ódios e paixões entre africanos e europeus.



Surraia Correia

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Pensar o futuro a Curtir


Durante muito tempo perguntei-me se seria possível curtir a vida como vejo muitos jovens da minha geração a curtir e ao mesmo tempo ir planeando o meu futuro. Esta é uma pergunta sem resposta qual me interrogo até hoje. Posso curtir, namorar, sair para noitadas, passar horas nos centros comerciais a comprar roupas e depois lanchar, é claro, com o dinheiro de um “amigo” ; ou então simplesmente dedicar-me aos estudos, trabalhar para pagar as despesas escolares. Queria fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas cedo apercebi-me que esta junção não seria de todo uma escolha acertada. Quando falava com as minhas amigas, dizia-lhes que se calhar eu estava a perder os melhores momentos da minha juventude, que nunca iria conseguir um namorado fixe. Ao mesmo tempo pensava que, depois de tanto estudo para depois não conseguir emprego, que futuro tinha construído?
Hoje sei que estas interrogações fazem parte das dúvidas e incertezas, que nos atormentam enquanto somos jovens. São aquelas fases de querer experimentar tudo, ser reconhecida por alguns rapazes (aqueles por quem temos um certo fraquinho ou gostamos), enfim curtir. Contudo, hoje sei que pela minha parte essa curtição foi sendo feita com moderação, sabia parar quando estava a ir longe demais. Isto foi possível graças ao modelo de liberdade que me era imposto dentro de casa e não que os meus pais fossem super controladores. Eles sempre me deixaram sair mas com limites e nunca me impuseram horários, eu é que sabia a hora certa para voltar.
Afinal, hoje sei que aquelas interrogações eram precisas e necessárias para que eu não fosse por outros caminhos, sem futuro nenhum e a envelhecer à porta das discotecas. Também não estaria aqui a escrever estas linhas.

Surraia Correia

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Renascer é preciso


Há momentos na vida em que tudo nos corre mal. O pensamento mais frequente é logo porque é que só acontece a nós?
No início deste ano a minha mente estava focada para este tipo de pensamento. Depois do nascimento do meu filho, comecei a sentir um cansaço psicológico de tal maneira que isso se reflectiu nos números das roupas que vestia. Desempregada, eis que na festa de Natal oiço falar de um projecto de nome À Bolina, que vai começar a trabalhar mesmo dentro do bairro, em frente à minha casa. Dirigi-me a eles e apresentei-me como uma possível colaboradora, pois na apresentação das actividades que pretendiam desenvolver no bairro incluía a edição de um jornal on-line.
O meu ânimo começou a nascer e tudo porque fui bem recebida, pessoal simpático e jovem. Logo, colaborei com alguns trabalho que me foram pedidos. Meses após a sensação de ser uma inútil, senti que afinal sou prestativa e posso aprender muito com esta minha participação neste projecto.
Actualmente estou a realizar um estágio profissional no À Bolina. Sim, porque ainda não tinha conseguido fazer nenhum na minha área que é comunicação social.
Afinal, na vida é preciso passar por alguns momentos stressante para depois renascer. Conclui que as fases menos boas da nossa vida não são para ser levadas como um caminho sem regresso ou que só nos vamos afundar ainda mais. Percebi que são momentos pelos quais temos que passar e o mais importante é saber aceitar esta fase para lutar e vencer. È preciso erguer-se quando estamos a perder forças. Mesmo que não nos dêem apoio o importante é viver cada dia sempre com força para no dia seguinte vencer indo sempre á luta.
Esta força vinha sempre á noite quando olhava para o meu filho a dormir só nós os dois no quarto e dizia para mim: Preciso de forças para poder criar o meu filho e vê-lo crescer.

Surraia Correia

segunda-feira, 20 de agosto de 2007


Equipa de comunicação do À Bolina.
O calor não ajuda, mas o que faz mesmo falta são os computadores.
Até quando a remar contra vento e marés?

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Prémios Dias de Imagens


Realizou-se no primeiro domingo deste mês, a entrega dos prémios da Maratona Fotográfica intitulado os Dias de Imagens. Organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito do fórum cultural designado “O Estado do Mundo” Em parceria com o ACIDI( Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural), através do Programas Escolhas que entretanto seleccionou as associações e mostrou uma grande disponibilidade e a Embaixada Lumográfica, entidade que cedeu as máquinas lomos. Através desta iniciativa pretendeu-se encontrar uma relação de proximidade com as várias comunidades imigrantes.
Assumindo-se como uma maratona fotográfica, o concurso quer revelar as relações que as crianças, públicos alvos dos projectos, têem com os espaços onde passam a maior parte do seu tempo. Lugares como a escola , os bairros, as escapadelas que conseguem dar para ir passear serviram de cenário para as magníficas fotografias exppostas no jardim.
Convidado pelo coordenador do Escolhas António Pinto Ribeiro, Miguel Honrado, foi o responsável pela organização da exposição nos jardins da Fundação. Iniciou o trabalho com a actuação de nove grupos musicais de onde saiu como trabalho final o lançamento de um CD Novos bairros Novos Sons. Miguel Honrado, considera que esta maratona é “a parte mais visível de um projecto, é inclusivé mais original” pois demonstra o envolvimento da Comunidade imigrante. Permite ainda que pessoas que frequentam o jardim possam conhecer este lado e modo de vida e alguns costumes dos imigrantes que residem nos arredores da sua zona de residência. O projecto À Bolina também participou com as histórias e aventuras do Miguel, um rapaz de 12 anos que ficamos a conhecer através dos relatos das suas colegas da escola, Alina e a Ana Francisca suas vizinhas.
Acerca dos trabalhos apresentados pelos projectos, Honrado, confessa ter ficado bastante surpreendido, gostou da criatividade e sobretudo da maturidade revelada pelas crianças. Sendo um tema aberto, isto permitiu segundo o responsável da exposição um maior empenho e profundidade aos problemas do quotidiano dessas crianças, além de ser uma forma de aproximar as realidades das pessoas que costumam passear nos jardins da Gulbenkian.”È uma tentativa de aproximação destas realidades que provavelmente muitos desconhecem.”Reafirma Miguel Honrado, com enorme satisfação pelos resultados obtidos com o trabalho dos vencedores e dos outros participantes.

Os resultados foram aplaudidos pelos visitantes e participantes que estiveram presentes naquele fim de tarde. Os outros concorrentes receberam todos um certificado de participação.

1º lugar: Percursos Alternativos-Benedita- Trio Fantástico
2º lugar:@ventura-São Brás de Alportel-Nesaga
3º lugar:A Priori-Sines-Os Vasquinhos e
Anós kita Manda-Bairro 6 de Maio
Mensão Honrosa: Arte na Rua -Pintar o futuro




Texto: Surraia Correia

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Valorsul sensibiliza crianças da Quinta da Serra


No âmbito das visitas das férias de Verão do À Bolina, a Rita, estagiária do GARSE (CML) levou um grupo de meninos da Quinta da Serra à Valorsul para sensibilizá-los sobre questões do ambiente.A empresa, inaugurada em 2000 pelo Primeiro Ministro José Sócrates, é responsável pelo tratamento e valorização de resíduos sólidos urbanos.Com instalações apropriadas e bem equipada para o tipo de trabalho que desenvolve, a sua missão consiste em tratar os lixos através de um sistema tecnológico moderno e com uma gestão integrada que se adequa quer ao aumento crescente quer à diversidade dos resíduos urbanos.
Durante todo o percurso da visita às instalações, as crianças observavam atentas as máquinas a trabalhar e sem nunca deixar de ouvir o guia que falava acerca da importância da separação dos lixos. Aliás, o início de todo o tipo de trabalho de reciclagem é uma tarefa que se deve iniciar nas nossas casas, relembrava, sempre que possível, o técnico da Valorsul.
Diariamente, esta central de valorização eléctrica trata cerca de 2000 mil toneladas de lixos não separados, provenientes da zona da Amadora, Lisboa, Odivelas, Loures e Vila Franca de Xira. À Plataforma de Descarga, onde o lixo é despejado antes de seguir para os fornos, chegam por volta de 600 veículos todos os dias. Na Valorsul não é feito nenhum tipo de separação de lixo, daí a importância da sensibilização para o cuidado na separação em casa.
Segundo o guia da Valorsul, cada pessoa produz pelo menos, um quilo e trezentas gramas de lixo por dia. Não devemos olhar os lixos produzidos como simples materiais sem utilidade possível mas ter em conta que podem ser reciclados e reutilizados para diversos fins. Aquilo que já não tem valor para muitas pessoas pode ser transformado em energia eléctrica. numa caixa de cartão, garrafa de vidro ou um fertilizante agrícola. Por isso a Valorsul, que funciona 24 horas por dia, pretende sensibilizar e educar as pessoas no que se refere ao tratamento a dar aos lixos, além de ter como função principal preparar os materiais para serem enviados para a indústria da reciclagem. Para conseguir uma maior qualidade de vida e um planeta mais limpo é preciso separar mais e melhor, foi este o conselho deixado pelo guia da visita.
As crianças regressaram para o bairro pouco convencidos sobre o trabalho desenvolvido pela Valorsul, até porque para eles a ideia de protecção do ambiente passa somente pela separação do lixo com a ajuda dos ecopontos. Mas prometeram que vão começar a preocupar-se mais com este tipo de assunto.





Texto: Surraia Correia

quinta-feira, 28 de junho de 2007

"Lisboetas em conversa"

Após o visionamento de «Lisboetas» de Sérgio Trefaut, os jovens do público conversaram sobre imigração com Ricardo Dias, técnico dos Médicos do Mundo que organizou esta iniciativa em parceria com o À Bolina.
O documentário fala da vida de imigrantes oriundos de vários países, desde o Brasil à Ucrânia passando pelos PALOP, que residem em Lisboa e que, na terra para onde emigraram, partilham as mesmas dificuldades. Muitos não conseguem emprego, a maioria está ilegal pelo que acaba por ter problemas no momento de receber o seu pagamento. Mande Bequinte, guineense de 20 anos que veio para Portugal tratar de um problema cardíaco, síntetizou o tema do filme. Gilson, um dos adolescentes participantes nesta conversa, disse que os imigrantes retratados têm uma vida pior que ele porque ele tem tudo e eles não. Tudo, para Gilson, é ter casa, é os pais terem emprego, é saber falar português e ter acesso a cuidados de saúde. Já os imigrantes cujo testemunho foi fixado pelo filme não conseguem ter acesso nem a metade dessas condições. Por isso, a maioria dos intervenientes nesta conversa animada pelo Ricardo considerou que não existe uma identificação entre a sua realidade e as realidades em que alguns russos e ucranianos vivem actualmente em Lisboa. Já outro interveniente, Junilto sente que, na globalidade, há pouca diferença nas condições de vida dos imigrantes e que em comum com alguns deles sente a dificuldade no domínio da língua. É que ainda não fala bem português e considera que isto é um grande entrave aos imigrantes. Sem saber falar português, a maioria acaba por ser enganada, explorada pelos patrões e, muitas vezes, quando os imigrantes pedem informação ou ajuda acabam por não ser compreendidos e são mal tratados. Como síntese, estes jovens, imigrantes ou descendentes de imigrantes, partilham a ideia de que devem incorporar a nova cultura mas preservar a sua cultura como forma de manter a sua identidade.

Texto: Surraia Correia

Escola EB1 do Prior Velho termina o ano ao ritmo dos santos populares

Decorreu no dia 22 de Junho, a festa do final do ano lectivo na Escola EB1 do Prior Velho. O tema abordado foram os Santos populares. Professores e alunos organizaram pequenas actuações em que as crianças dançaram, cantaram e recitaram poesia. Durante as actuações, algumas professoras fizeram uma pequena peça de teatro acerca das viagens do S. Pedro pelos continentes e em que se mostrou um pouco acerca da cultura e costumes de alguns países por onde passou. Ao longo da viagem, S. Pedro encontrou pessoas muito diferentes nesses países. Depois das actuações, as crianças fizeram um lanche para o qual trouxeram as coisas de casa. Calculamos que estavam ansiosas e prontas para as férias, esquecendo mesmo, por momentos, os resultados de fim de ano lectivo...

Texto de Surraia Correia

Tarde de capoeira no espaço polom

Alguns jovens do bairro da Quinta dos Barros, que integram a Associação Sócio Cultural da Capoeira-Preservação da Mandinga, estiveram no espaço Polom para fazer uma demonstração da capoeira com o propósito de motivar os jovens e adolecentes a praticar este desporto. Fundada em Dezembro de 2003, pelo Mestre Ulisses, residente em Portugal há 11anos, esta associação tem como objectivo a preservação da história da capoeira, prática e desenvolvimento deste jogo que também é uma arte.
O mestre Ulisses diz que a palavra mandinga significa “liberdade dos movimentos” e também prática da capoeira. Mandinga significa preservar tudo o que aprendemos para mais tarde influenciar a toda a nossa cultura positivamente, o que é uma forma de trabalho.
A capoeira para o mestre, com 32 anos de percurso neste meio, tem muitos significados. É uma forma de praticar desporto, é folclore brasileiro, forma de estar na vida e luta, o último estágio a que o praticante deve recorrer. A capoeira faz a junção do "bem e do mal" pois muitos praticantes iniciam-se na actividade para aprender a brigar. Nesta modalidade, o difícil é saber defender-se, mas a capoeira quer também ensinar o que está errado. É ainda uma técnica de defesa e ataque já que o atleta aprende a defender-se em vez de atacar directamente ao ritmo do birimbau que, segundo Ulisses, é o verdadeiro mestre pois é quem dita o ritmo.
Atentos às demonstrações, jovens e crianças observaram as técnicas e tácticas sobre a capoeira. Também não quiseram ficar sem experimentar e o animador do pátio Bernardo, com muitas crianças foi um dos que se juntou aos praticantes desta modalidade que cada vez mais ganha novos adeptos.

Texto: Surraia Correia

quinta-feira, 14 de junho de 2007

UNIVA dinamiza procura de emprego na Quinta da Serra


A funcionar desde Abril, a Unidade de Inserção na Vida Activa (Univa) do Bairro da Quinta da Serra é animada por Rita Seixas, cujo trabalho consiste em integrar pessoas no mercado de trabalho. Outra das suas missões é encaminhar pessoas para a obtenção de certificados de aptidão profissional, fazer certificação dos cursos e ainda apostar na área de formação dos utentes. Fazer currículos, escrever cartas de apresentação e de candidatura espontânea, como se comportar numa entrevista de emprego fazem parte da oferta formativa.Rita Seixas afirma que o seu público alvo são todas as pessoas, imigrantes e minorias étnicas residentes no bairro embora geralmente as UNIVA atendam sobretudo utentes entre os 15 e os 30 anos. No caso da Quinta da Serra excepcionalmente têm sido atendidas pessoas com 40 anos e mais. Para divulgar o seu trabalho, a Rita foi ajudada por alguns jovens do bairro que distribuíram nas caixas dos correios um folheto com os horários de funcionamento e os objectivos da UNIVA. Assume, no entanto, que das pessoas que foram aparecendo a maioria veio por comunicação boca a boca através dos vizinhos e ou amigos.Relativamente às solicitações de emprego mais comuns, a animadora diz que são sobretudo as senhoras que procuram ofertas na área da limpeza e hotelaria, nomeadamente para empregadas de copa e empregadas de balcão, mas que aumentou a busca de trabalho área da construção civil. Rita Seixas diz que os jovens também aparecem cada vez mais, pois estão a aperceber-se que, além da escola oficial, existem alternativas para tirar um curso ou obter um certificado profissional. Neste momento está, portanto, muito centrada em dar resposta aos jovens que, dado a sua idade avançada, procuram outras vias de ensino além da tradicional porque as idades já começam a ser avançadas. Fazendo o balanço da sua actividade, diz que é “claramente positivo” e assume que a integração da Univa na comunidade foi muito boa, tendo havido uma óptima adesão da população e sucesso no encaminhamento de alguns jovens para cursos.A responsável revela que ainda há muito trabalho a fazer, nomeadamente na formação em técnicas de procura de emprego e quanto a visitas com os jovens aos diferentes centros de formação. Tendo de momento 54 pessoas inscritas, sendo que dez conseguiram emprego através da UNIVA, esta funciona por marcação, de segunda a quinta-feira das 15às 20h e terça das 10 às 17h.

Uma tarde no Cid@Net


“O espaço cid@net tem funcionado cada vez melhor”. É com esta afirmação que o responsável David Melo faz o balanço ao longo desses meses de trabalho no bairro da Quinta da Serra. Para um funcionamento cada vez melhor, as regras são também para se cumprir e respeitar. Por isso as crianças já sabem os dias e as horas que podem utilizar os computadores. Ao todo são seis e só é permitido uma pessoa por computador.Ana Francisca Lopes é uma frequentadora assídua. Tem 11 anos e anda no 5º ano, diz que aproveita o tempo que tem para jogar e também fazer os trabalhos da escola. “ É que agora tem de ser feito no computador”, diz ela muito concentrada no seu jogo de maquilhar. Ao seu lado, está a Cátia Afonso, de 9 anos, que revela pouco entusiasmo. É que ainda só sabe jogar os jogos mais simples, pois não tem muita prática a mexer nos computadores. Aliás, segundo o David, o espaço é muito procurado para se aceder aos sites dos jogos, coscuvilhar os Hi5 dos amigos e opinar sobre as fotos. Embora também se façam alguns trabalhos de pesquisas para a escola... Para o ajudar na tarefa de colocar ordem na sala, o David conta com o apoio do Inácio, um dos jovens do bairro com a responsabilidade de “tratar os miúdos”, isto é, assegurar que as crianças e os jovens se portam bem. Tem de garantir que mesmo os mais “chatos”, que por vezes acabam por destabilizar um pouco, são controlados.Enquanto isso, o “mestre” David continua a ser solicitado para prestar apoio técnico e informático - como criar emails e endereços de H5...

No À Bolina


A minha vinda para o projecto À Bolina foi inicialmente como voluntária, mas depois transformou-se num estágio profissional. O trabalho do À Bolina consiste na promoção da inclução social no bairro da Quinta da Serra.
Neste momento estou a trabalhar activamente e com muito gosto no blog que é avozdaquinta.blogspot.com, através da elaboração de trabalhos jornalísticos e outros projectos que ainda se vão desenvolver. Espero aprender muito durante esse período e partilhar o pouco do meu conhecimento e histórias do bairro.Por isso contem comigo.

terça-feira, 5 de junho de 2007

ACIDI reúne jovens líderes descendentes de imigrantes


Na sequência do convite do Alto Comissário para Imigração e Minorias Étnicas, Rui Marques, o Convento da Arrábida acolheu durante quatro dias o “Seminário de Jovens Lideres Descendentes de Imigrantes”. Entre os participantes, a maioria é membro ou
dirigente de associações de bairros degradados em que foram implementados projectos no âmbito do Programa Escolhas.
António Batista, especialista em Planeamento Estratégico e co-autor da metodologia Método Aplicado de Planeamento e Avaliação (MAPA), falou da importância do planeamento na vida das pessoas, de como avaliar de modo a simplificar um projecto e potenciar a participação das pessoas. Sublinhou ainda como “um projecto é um espaço de interacção e de partilha daí a importância de torná-lo comunicacional”. No seu entender, torna-se necessário definir objectivos que impliquem incluir um parâmetro de controlo, chamado Data, definir quem participa na acção como beneficiário, o Alvo, e que nível de Mudança queremos atingir. Batista disse que “os projectos têm como destinatárias pessoas e só quando elas são estimuladas e transformadas é que se percebe haver mudança”.
O actual dirigente dos Observatórios da Imigração, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), Roberto Carneiro debateu o tema da Liderança com os participantes. Carneiro definiu o líder como um agente das pequenas mudanças, credível e que não podendo fazer tudo, delega funções nos parceiros. O ex-ministro da Educação disse que o líder deve ter características especiais que o definem como alguém capaz de influenciar comportamentos e ser um comunicador que potencia a transformação.
Helena Marujo, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, discorreu sobre o tema “Felicidade, Optimismo, Resiliência e a Auto-estima”, assumindo que as pessoas felizes são as que têm rede sociais alargadas. A partir da ideia que felicidade está associada ao sentido da vida, Marujo sugere que a pessoa deve ser capaz de pensar o que é e o que faz.
Como lidar com os média foi o mote para uma difícil discussão no último dia do encontro. Mónica Goracci e Maria Abranches, da Organização Internacional para Migrações em Portugal, introduziram o tema. A definição do que é uma notícia e sobre o papel dos jornalistas e a escrita jornalística foi feita por Rui Araújo, provedor do leitor no Público.

texto: Surraia Correia

Fim de tarde com...
António Vitorino, actual Comissário do Fórum Gulbenkian Imigração, Diogo Freitas do Amaral, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo presidente da Assembleia–Geral das Nações Unidas, e Jorge Malheiros, geógrafo conceituado com obra publicada sobre a temática da Imigração animaram, em grande estilo, as conversas de fim de tarde trazendo para cima da mesa a sua experiência em diferentes áreas e os seus diferentes interesses. SC